Nova towner

E o towner voltou...

Entre 1994 e 1998, ele mudou a paisagem dos centros urbanos.
Chegou até a incomodar a Kombi na preferência de quem queria um veículo para o trabalho. O tamanho diminuto e a praticidade daquele utilitário coreano falavam mais alto que o acabamento simples, a pouca robustez e os infindáveis problemas mecânicos, principalmente em seu sistema de alimentação. O carburador do motor de 800 cm3 e 3 cilindros não digeria bem a nossa gasolina alcoólica.

A história teve um fim triste. A Asia Motors quebrou, com uma dívida superior a
US$ 300 milhões junto ao governo brasileiro. Depois, foi adquirida pelo grupo Hyundai/Kia e o Towner nunca mais aterrissou por aqui. A ressurreição se deu no Salão do Automóvel de São Paulo, em 2008. A CN Auto, até então desconhecida, mostrou suas duas apostas para o Brasil e reinventou os nomes
Towner e Topic, agora feitos na China. 


Em seu país natal, o Towner é produzida pela Hafei, mas não carrega esse nome, é chamado de Minyi, algo que não lembra os brasileiros em nada. O Towner que hoje está aí não mudou a sua proposta inicial. Serve para quem quer um negócio móvel, aliando o trabalho e o transporte. Na versão van avaliada, com sete lugares, pode-se até retirar os assentos traseiros para que caiba o famoso “kit hot-dog”. Serve também como táxi ou para locomover equipes de trabalho em trajetos curtos.


Contudo, o Towner chinês faz isso como o veículo dos anos 1990, com rusticidade, pouca potência e acabamento básico. Seu preço é de R$ 26 500 — na cor branca, qualquer outra pintura acrescenta R$ 1 400 ao seu valor final. Na cabine, o condutor tem pouco conforto. A posição de guiar é a mesma
da antecessora, apesar de o modelo chinês ser mais longo (3,92 m) e alto (1,87 m). O acabamento é bem simplificado, não há opção de travas ou vidros elétricos — estão em desenvolvimento —, direção hidráulica e o plástico empregado no desenho interior é bem pobre. O ar-condicionado é o item de conforto disponível e sai por R$ 2 500. 


Os assentos traseiros trepidam muito, a culpa é da suspensão dotada de feixes de mola. Quem o conduz sente ainda mais vibração, já que o motor 1.0 de 48 cv, que não é flex, fica posicionado abaixo do assento. Sentir o compartimento esquentar é normal, isso sem falar que o nível de ruído é altíssimo. Os engates do câmbio pecam pela falta de precisão e por serem pouco intuitivos. Quanto à estabilidade, bem, olhe a altura dele, você vai descobrir sem guiar, apesar de que este modelo vem com rodas de 13”, enquanto o Asia Motors tinha rodas de 12”.


Enfim, quem teve um Towner coreano vai gostar do novo espaço, mas sentirá pouca diferença na maneira de tratá-lo. De olhos fechados continua sendo o velho Towner.

O motor feito pela chinesa da Dongan é o mesmo que equipava a segunda geração do Suzuki Swift, com 48 cv e 7,5 mkgf de torque a 3 500 rpm. O problema é que ele fica embaixo do banco do motorista, o que implica em alto nível de ruído interno.


O espaço interno cumpre a promessa de levar sete pessoas com relativo conforto, considerando-se os 600 kg de carga máxima que o Towner suporta. Mas, perto desse limite, haja força para manobrá-lo e freá-lo... 


Towner = negócio
 
Quem tem mais de 20 anos e nunca comeu um hot-dog vindo diretamente de um Towner que atire a primeira pedra. Febre desde 1994, os “dogueiros” móveis, hoje, montam sua estrutra dentro de qualquer hatchback, tamanho foi o sucesso que o Towner fez dentro desse comércio informal. Com o retorno da microvan às ruas, o preço do “kit dog” deve ser inflacionado, passando dos atuais R$ 1 000 cobrados pelos modelos mais simples.